Uma seleção de bons vinhos portugueses

Hoje encerramos nossa série de matérias sobre o vinho português que nos fez aprender muito desse universo com o Domingos, para rever os outros posts você pode clicar aqui, aqui e aqui. Nesta ordem! Aprendemos sobre os diferentes tipos de vinho e seus processos produtivos, as classificações e regiões produtores de vinho em Portugal e os perfis esperados dos vinhos em cada região.

E hoje começamos recapitulando a grande questão do último post; o que é mais importante para um vinho: a(s) uva(s) que este contém ou a região onde ele foi produzido?

Na tentativa de orientá-los numa resposta e compor esta última publicação, que será menos acadêmica e mais pessoal, fui ao meu arquivo de imagens com todos os vinhos já bebidos até hoje ao longo destes últimos 2 anos em Portugal. Bom, como vocês podem ver abaixo, é muita foto – e muito vinho!

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Confesso que, através destas fotos, foi um exercício bem interessante poder rever e lembrar de tudo o que já passou, e por isso quero agradecer pela oportunidade de me fazerem entrar em contacto novamente com todas estas memórias. Para partilhar todos esses momentos vividos nestes 2 últimos anos de mestrado, tive que reacender as lembranças de todas as feiras de vinhos que já estive presente, todas as viagens ao longo de Portugal que já fiz, os jantares nas casas de amigos que já frequentei, todas as provas de vinhos que já conduzi – e, claro, junto com tudo isso, os “camadões” e ressacas que já tive também…

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E penso que seja esta a resposta para a tal pergunta lançada desde o último post: o que é mais importante são os vinhos em si. Alguns vinhos chamarão atenção pelas uvas, outros pela região, alguns raros pela perfeita combinação entre ambas variáveis, mas todas as possibilidades acima estarão ligadas pela forma de construção desta dedicação ao vinho. Assim como o samba, como a pintura, o desenho, ou até mesmo a arte de escrever postagens para um blog, o vinho somente será bom ou ruim, e somente irá “te pegar”, em função de como você irá vivenciá-lo. E, para isso, tem que haver gosto, gozo, rotina, beber com atenção, ousar comprar algo mais caro; cultivar o vinho em sua vida, desenvolver essa cultura, no significado mais módico desta palavra.

E, com tudo isso, memórias. Memórias boas com vinhos ruins; vinhos bons para memórias ruins; bons vinhos com boas memórias; e, até mesmo, más memórias com maus vinhos. Quando chegarem a este ponto, não precisarão mais de um guia, tampouco de pessoas lhes dizendo o que beber ou o que comprar. E, neste momento, depois de tanto blá blá blá, sentirei que minha missão estará cumprida.

Saúde!

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– Vinhos para curtir de forma descuidada

São os vinhos que compro rotineiramente apenas pelo prazer de se beber um bom vinho, de extrema qualidade. São, no geral, vinhos mais accessíveis, não apenas pelo preço como pela sua disponibilidade, em mercados de grande superfície (Continente, Pingo Doce, etc.). Os preços? Algumas dessas referências que deixo aqui até podem chegar a 6 ou 7 euros em condições normais, mas nunca os comprei por mais do que 4 euros. É tudo uma questão de oportunidade e paciência para comprá-los, deixá-los em sua garrafeira e abrí-los conforme a demanda

1 – Dona Carla, Douro, DOC
2 – Muralhas de Monção, Vinho Verde Branco, DOC
3 – Prova Régia – Arinto, Lisboa, Vinho Regional
4 – Tons de Duorum, Douro, DOC
5 – Tapada das Lebres de Arraiolos Premium, Alentejo, Vinho Regional
6 – Cavalo Branco, Tejo, Vinho Regional
7 – Herdade de São Miguel, Colheita Seleccionada, Alentejo, Vinho Regional
8 – Quinta da Garrida, Dão, DOC
9 – Flor D’Penalva, Dão, DOC
10 – Periquita, Setúbal, Vinho Regional
11 – BSE, Setúbal, Vinho Regional
12 – Esteva, Douro, DOC
13 – Chaminé, Alentejo, Vinho Regional

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– Vinhos que pedem mais atenção

Bom, aqui estão os vinhos que gosto de beber quando quero algo mais interativo comigo ou com o meu paladar – ou quando preciso de uma maior demanda por parte do vinho para interagir com o que irei comer (jantar, petiscos ou coisas do gênero). É interessante notar que não são vinhos necessariamente mais caros! Claro, há uma tendência destes vinhos custarem ali entre os 4 e 7 euros, mas ainda sim consegue-se bons vinhos a preços módicos! – como o Pinhel, um achado da Beira Interior por apenas dois ou três euros e qualquer coisa.

1 – Piteira, Vinho de Talha, Alentejo, DOC
2 – Luis Pato, Maria Gomes, Bairrada, Vinho Regional
3 – Senhor D’Adraga, Colares de Chão Rijo, Lisboa, Vinho Regional
4 – Dave, Alvarinho, Vinho Verde Branco, DOC
5 – Touriga Franca, Reserva Casa Ermelinda Freitas, Setúbal, Vinho Regional
6 – Pinhel Colheita, Beira Interior, Vinho Regional
7 – Lusitano Seleção, Quinta da Ervideira, Alentejo, Vinho Regional
8 – Quinta do Sobreiró de Cima, Trás-os-Montes, Vinho Regional
9 – Papo Amarelo Reserva, Setúbal, Vinho Regional

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– Desliguem-se do mundo e apenas bebam

Bom, aqui vêm aqueles vinhos que deverão ser bebidos da forma que lhe der mais jeito: acompanhados ou não, com boa música ou no silêncio, a comer algo ou não, com ou sem cigarros, etc.. São aqueles vinhos que “falaram comigo”, provocaram sensações, me levaram a novos aprendizados, à novas percepções… enfim, não é em qualquer vinho em que percebe-se o “gosto” de menta!!! Despertou a curiosidade?!? Então corre lá e estude os vinhos abaixo! =)

1 – Granja Amareleja, Moreto em Pé-Franco, Alentejo, DOC
2 – Viosinho, Quinta do Gradil, Lisboa, Vinho Regional
3 – Quinta do Cardo, Beira Interior, DOC
4 – Fraga Alta, Lucinda Todo Bom, Douro, DOC
5 – Vinha D’Ervideira Colheita Seleccionada Branco, Quinta da Ervideira, Alentejo, DOC
6 – Vinha D’Ervideira Colheita Seleccionada Tinto, Quinta da Ervideira, Alentejo, DOC

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– Boas Recordações

Aqui não há o que falar sobre os vinhos. Seriam parágrafos e mais parágrafos para vos dizer o quanto esses vinhos foram especiais para minha vida, para o enólogo que um dia chegará a sua plenitude. Experimentar um vinho do ano que eu nasci (1982!) e verificar que ele ainda continuava vivo, a evoluir em 3 aromas diferentes, foi umas das experiências mais incríveis que pude ter. Isso sem falar na descoberta do potencial do Encruzado quando fica velho, ou mesmo na famosa Quinta dos Cozinheiros, vinho espetacular quer pelo seu terroir quer pelo seus antigos donos, tornou-se raridade no mercado porque o enólogo e viticultor faleceu num terrível acidente. E se eu começar a falar da QMdO então, hoje não vou terminar…

1 – Romeira Caves Velhas, Lisboa
2 – Quinta dos Cozinheiros, Poeirinho (Baga) e Água Santa, 1999
3 – Quinta dos Cozinheiros, Poeirinho (Baga), 1999
4 – Munda, Encruzado, 2008
5 – Qualquer vinho, e de qualquer ano, da Quinta do Monte d’Oiro. Local onde realizei minha primeira vindima em trabalho de adega, para além da minha ligação pessoal com todos de lá. Excelência e primor à parte, são vinhos que sempre me trazem e trarão boas recordações.

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Depois disso tudo, o que eu ainda posso dizer para vocês?

Bebam, minha gente. Bebam, para vocês comporem as suas próprias memórias e, assim, escreverem vossas próprias páginas sem influência externa, cada vez mais com a sua personalidade, com sua característica, individualidade, com as vossas próprias histórias. E estórias! Pois, ao meu ver, para não cair no esquecimento, é isso que um bom vinho deverá conter: terroir, memórias e estórias!

ASSINATURA_AS DUAS+domingos

 

 

 


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